quinta-feira, 13 de maio de 2010

Fechando a Janela (ou Finalizando o Texto A Janela)



O sol não está mais lá, na verdade acho que nunca esteve. Meus olhos queriam enxergar o que nunca vi naquela janela. Por vários momentos quis acreditar que poderia ver tudo ao olhar para lá, tanto que passei muito tempo esperando um sol que nunca veio. Durante todo esse tempo que passei naquela janela, apenas colecionei pregos, muitos pregos e hoje, com eles em minhas mãos, me pergunto o que fazer com tantas pontas afiadas, que por tanto tempo me feriram.
Lembrei de outras janelas que fui recebida com alegria e colecionei sorrisos, risadas, acenos, canções, declarações, piadas, carinhos ou simplesmente conversas sobre qualquer coisa, mas que me agradam muito e me enchem de luz. Então, finalmente percebi o porquê de ter recebido tantos pregos daquela janela, que por muito tempo aguardei, conversei e me machuquei... Eles servem para fechar a janela!

Adeus! Que Deus lhe guarde e ensine a abrir outras janelas!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Oceano Índico fica aonde mesmo?!!!

É uma pergunta retórica, mas não foi hoje na entrevista de emprego. Adoro ler, escrever, formei em Turismo, adoro Geografia, furo o mapa mundi com tachinhas por distração, mas tenho uma séria dificuldade de passar por sabatinas. Só de saber que posso fazer papel de anta para uma pessoa que nunca me viu na vida, já me causa um pânico absurdo! Só aplicar uma pressãozinha qualquer, que esqueço das aulas do primário e me calo quando perguntam quanto é dois mais dois.


Hoje, ao sentar em frente à entrevistadora, me senti um pouco desconfortável, mas encarei. “Não sou burra! Não sou burra! Eu vou conseguir!” Pensei positivo e tentei parecer o mais tranqüila possível. Tivemos uma conversa agradável, falei sobre outras experiências, mesmo com a voz já um pouco trêmula, mas nada comparado ao que ia acontecer depois. Ela pediu para eu desenhar os continentes. Ótimo, está ai uma coisa que uma Turismóloga como eu sabe desenhar até de olhos fechados... Ou pelo menos deveria saber. Segurei no lápis e fui na confiança! No primeiro traço tive a sensação que estava segurando a minha escova de dente elétrica. Não conseguia segurar o lápis, ele simplesmente não parava na minha mão! Tremia tanto que a entrevistadora tentou me acalmar, sem sucesso, mas terminei o desenho mesmo assim. Coloquei os nomezinhos, mas com a sensação de que a qualquer momento poderia colocar a África na Oceania, América do Sul na Europa e encontrar Atlântida, o continente perdido... A mão estava tão gelada, que cheguei a olhar para as pontas dos dedos para ter certeza de que não iam gangrenar. Começaram as perguntas e a minha cabeça começou a girar. Tentava prestar atenção e pensar em tudo que ela falava, mas só conseguia escutar a voz dos adultos no desenho do Charlie Brown. Eu simplesmente não entendia absolutamente nada, parecia grego para mim. Quando fui me concentrando e as palavras começaram a fazer sentido, o desespero tomou conta: Agora eu entendo tudo, mas não lembro nada! As horas e mais horas que passei relendo assuntos na noite anterior e o dia inteiro antes da entrevista papirando o que tinha certeza que seria perguntado, desceram pelo ralo!


Ela fazia as perguntas, eu respondia e então ela perguntava “Você tem certeza disso?”. Pronto, o necessário para deixar a pessoa mais insegura do mundo dentro de seu pior pesadelo! “Eu não tenho certeza de nada na vida, minha filha! Não tenho nem certeza se quero continuar aqui sentada” pensei enquanto respirava fundo. Queria correr de lá. A cada pergunta besta que ela fazia e eu arregalava meus olhos mostrando meu total desespero, tentando encontrar a resposta na minha cabeça vazia, me sentia como uma criança de 4 anos que está começando a descobrir o que é mundo.


  • “Amsterdã fica aonde?!” - A música “Mr. Jones” vinha na minha cabeça, lembrava da vontade que tinha de conhecer a Holanda (apesar de na música cantarem New Amsterdam , minha mente me remete a Amsterdã) só por causa dessa música, mas não saia uma palavra da minha boca. Só conseguia sussurrar bem baixinho, com medo de falar merda... Holanda???
  • “Aponta Bali ai no seu mapa” - Porra!!! Meu sonho é conhecer Bali, mas esqueci da existência dessa ilha assim que ela pronunciou seu nome!
  • “Oceano Indico fica aonde mesmo?!”- Nessa hora eu senti raiva, porque eu só fazia olhar para o papel e lembrava como não queria parecer uma anta e como já estava parecendo. Simplesmente não consegui nem escrever no papel nem falar que ficava no único local que não tinha nada escrito. Quase desisti da minha vida ali na frente dela.


“Burra! Burra! Burra!” Nem eu mesma me contrataria! Não conseguia mais formar uma frase na cabeça, esqueci os vários roteiros que montei quando sonhava em correr pelo mundo e vi aquela chance indo embora juntamente com a minha moral. “Nunca mais consigo um emprego nessa cidade”. Não queria mais olhar para a cara da entrevistadora, não queria mais estar sentada ali. As várias perguntas que respondi corretamente perderam o valor quando não consegui responder onde ficava a porra do Oceano Índico.. Oceano Índico, te odeio!


Quando achei que nada mais poderia piorar aquela situação e que não entraria naquela empresa nem para limpar o chão, consegui fechar com chave de ouro a minha entrevista: esqueci o número do meu RG... Nessa hora eu mesma teria me dispensado, na verdade teria me contratado, só para ter o prazer de me demitir.

domingo, 2 de maio de 2010

Não, não sou eu...


Vira e mexe, olho aquelas fotos e elas me mostram quem não sou. Como pode meu corpo não ser meu? Aceito pelos outros e não aceito por mim. Ainda olho aquelas fotos e digo: Não sou eu, mas bem que poderia ser.