quinta-feira, 28 de julho de 2011

Nós amamos. Vós amais. Eles não amam mais.



Ela dançava, enquanto ria das lembranças que por vezes achou que a fariam sofrer para sempre. Muitas foram as vezes que o aperto no peito a fez pensar que aquela dor seria eterna, que aquele rosto nunca mais sairia de sua memória. Não entendia o porquê de tanto ressentimento ao lembrar de alguém que por muito tempo despertou algo de bom nela. Os sorrisos não mais existiam e não saiam de forma natural quando ela lembrava de todos os momentos passados juntos, o rosto endurecia ao tentar esboçar qualquer rascunho de sorriso amarelo que pudesse sair de seus lábios . Culpa e arrependimento? Não. Apenas a sensação de ter acontecido de forma jogada e debochada, sem levar em conta que ela poderia se machucar. A sensação ruim era de ter se permitido entrar em um jogo que só ela sairia perdendo. Mas naquele dia a sensação ruim passou e ela desceu a rua correndo ao perceber que sorriu por ter entendido. 

Passou um bom tempo depois do último contato, duas ou três vezes os olhares se cruzaram, mas não existia mais nada ali, ou melhor, nada do que existiu um dia. Só restaram, provavelmente, dúvidas e talvez um pouco de raiva por conta do orgulho ferido, mas nada que se possa considerar  bom ou ruim, era um sentimento indefinido. Os corações estavam tranquilos, apesar das mentes ainda martelarem de vez em quando. Talvez realmente tivesse que ter acontecido daquele jeito, talvez o carinho que um sentia pelo outro tinha que ser percebido somente pelo coração e não pela mente tentando entender. Talvez o querer bem fosse representado pelas pequenas lembranças na hora de dormir, quando, as vezes, um pedia pelo outro, timidamente, desejando o bem e que Deus tomasse conta. Muito tempo já havia passado, mas era certo que as lembranças ainda voltavam de vez em quando para os dois, porém eles sabiam que tudo era questão de tempo.Tempo é poderoso e atende a corações despedaçados, era o que ela pensava. Ele não entendia o que tinha ocorrido, mas também não fazia questão de entender, para ele Tempo nada tinha a ver com aquilo... Mas em uma coisa os dois concordavam: Tempo faz esquecer!