domingo, 30 de março de 2014

Da varanda eu vejo...



Não é a primeira vez que sento aqui e olho para a cidade. Os vizinhos do prédio da frente parecem já entender o que me traz à varanda, sabem reconhecer o meu ar perdido à procura de respostas. Às vezes consigo vê-los sussurrar conselhos no vento para que cheguem até mim, só que eles se perdem no caminho.

O céu me observa calado. Se ocupa em desviar minha atenção com uma estrela ou outra que brilha mais intensamente, confundindo meus pensamentos. Faz bem seu papel de me ludibriar, me faz esquecer de perguntar o porquê de tantos desencontros. Mas quando suas táticas não funcionam e pergunto, ele fica em silêncio, como se o tivesse ofendido por não me render a seus encantos e sua extraordinária beleza.

Já do mar, não espero nenhuma resposta. Olho para ele e desaguo toda a minha dor, mesmo sem conseguir vê-lo nessa escuridão de uma noite sem luar. O seu escuro infinito se confunde com a minha falta de respostas e me reconheço nele. Ele me abraça, deixa que minhas lágrimas caiam e se misturem com tantas outras dores. Permite que meus questionamentos desesperados façam parte de tantas outras perguntas nunca respondidas e despejadas sobre ele. Cada lágrima é uma pergunta sem resposta. Acho que é isso que mantém o mar tão cheio, tão salgado e tão misterioso.

terça-feira, 25 de março de 2014

Mari sabe das coisas!



Preparando o café da manhã e tendo uma conversa séria com minha priminha de dois anos.
- Mari, você tem que me chamar de tia Lu.
- O que você é minha?
- Sou sua prima, mas você tem que me chamar de tia porque sou grande. 
- Eu também sou grande.
- Você é pequena. 
- Lu  - e pronunciou o "Lu" com um risinho debochado - quero café.
- E sua mãe deixa você tomar café, Mari?
- Quem toma café é grande e ela deixa.

Depois dessa explicação eu finalmente entendi porque ela é grande e porque eu sou apenas "Lu". Ambas podemos tomar café e, por isso, ela me vê de igual para igual. Simples e lógico! Da próxima vez falarei apenas que sou mais velha, bem mais fácil.