domingo, 11 de novembro de 2012

Num daqueles encontros casuais...

(imagem: google image)



Encontrei ele quando tentava me desvencilhar da fila do banheiro feminino. Senti uma puxada no braço e olhei para trás, não reconheci logo, mas quando a imagem dele finalmente fez algum sentido na minha cabeça, fiquei secretamente aliviada... Tempo foi mais generoso comigo que com ele... [Eró Irokô, Kissilé!]Ele continuava com aquele sorriso irritantemente/desconcertantemente sem graça. Não ser fotogênico é algo até normal, mas no caso dele isso não era só para foto, aquele era o seu sorriso corriqueiramente falso para tudo. Forçava tanto que constrangia os outros, deixando a pessoa sem saber se algo cheirava mal ou se estava sendo alvo de algum deboche.

Olhei para ele, que ainda esboçava aquele rascunho de sorriso, e não expressei nenhum tipo de emoção. Assim como ele, também não sei forçar sorriso, mas no meu caso, quando tento, sai com um ar de desprezo tão notável que até eu me sinto mal comigo mesma de ter forçado. Ele continuou olhando para mim e aliviou um pouco aquela boca de coringa para perguntar como eu estava e dizer que fazia muito tempo que não nos encontrávamos. Balancei a cabeça concordando com a parte que ele citou o tempo, enquanto me perguntava o porquê de não ter durado um pouquinho de tempo a mais, como a eternidade, por exemplo. Respondi secamente com um "é mesmo.", mantendo o movimento da cabeça, olhando para os lados como se procurasse alguém, só para não ter que responder a outra pergunta. Não queria ter que falar as duas únicas respostas que vieram na minha cabeça: "o que te importa" e "melhor antes desse encontro".

Cruzei os braços para evitar qualquer tipo de contato que ele tentasse manter comigo. Ele largou um "e ai, beleza?", insistindo em um diálogo e me senti obrigada a responder, já que fui muito bem educada pelos meus pais. Respondi que sim, de modo que ele não tivesse mais o que perguntar e me livrasse logo daquela situação chata. Depois de escutar aqueles elogios interesseiros e as mesmas ladainhas de um tempo distante da minha vida, me adiantei em cortar a conversa. Me despedi e não fiz muita questão de demonstrar que em algum momento tinha achado aquele encontro prazeroso. Ele tentou puxar papo mais uma vez, mas continuei andando de costas e me afastando. Nesse exato instante a cara mais verdadeira dele apareceu, a expressão que conheci naquele tempo distante da minha vida. Ele fechou a cara, entortou a boca e disse "Tá se achando, hein?!". E, nesse exato momento, o sorriso que eu não tinha conseguido dar lá no início da conversa tomou forma. Senti um grande alívio por ele finalmente ter percebido o que eu tinha achado daquela situação toda e, ainda andando de costas, respondi: " Pelo contrário, estou me escondendo! Quem está me achando é você. Pare de me procurar!"

Dei as costas para ele e não precisei nem olhar por um segundo sequer para trás, pois sabia que ele estaria com a segunda cara mais comum e sincera dele: a de bunda!

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