segunda-feira, 8 de abril de 2013

Olha, menino...


(imagem: google images)

A vida te fez lindo, foi generosa com você e com tudo que te compõe. Esse seu sorriso que parece iluminar todos os cantos que alcança. Esse seu olhar que invade de forma tão profunda, que parece enxergar a alma. Muitas vezes me segurei firme para não cair dentro desse convidativo misterioso castanho infinito, mesmo que a vontade fosse de me atirar com toda a força para sentir a intensidade que vem dele.

Sei que muitas vezes a vida toma um rumo que não sabemos se conseguiremos aguentar. As incertezas e as dúvidas nos desesperam tanto, que as saídas parecem não existir. Nossos objetivos parecem escorrer entre os nossos dedos e desintegrar no ar... Mas entre um desespero e outro existem sorrisos, existem amores, existem amigos, conversas, olhares, abraços apertados, silêncios significativos, momentos, esperanças, alegrias, experiências, saudades... VIDA!

O momento é de ser forte e encantador. Forte para continuar seguindo com fé e esperança, mesmo que o caminho pareça difícil. E encantador para ser uma pessoa melhor e tentar fazer com as outras pessoas o que muitas vezes não fazem com você.

domingo, 7 de abril de 2013

Se eu quero pixaim, deixa!




Há algum tempo resolvi assumir minha juba. Deixo meu cabelo no estilo “quanto mais alto e armado, melhor”.  Não me preocupo com vento, não me preocupo com chuva, não me preocupo com relaxamento... Também não me preocupo com a opinião dos outros, até porque não me diz respeito, gostem ou não, meus cachos revoltos permanecerão!

Só uma coisa me incomoda, não a ofensa em si e sim os que costumam ofender...  Justamente pessoas de cabelo crespo,  justamente os que descendem dos que lutaram pela igualdade na sociedade e contra o preconceito,  justamente os que deveriam se orgulhar e respeitar os que usam seus cabelos “duros” sem medo. Por que os que possuem os cabelos com as mesmas características que os meus são os que mais se incomodam com meus cabelos crespos e naturais? Realmente não entendo... Chega a ser irônico isso, pois eles não percebem que ofendem justamente o que são. Ridicularizam suas próprias características e tentam humilhar os que têm coragem de se assumir como realmente são.

Desde que passei a usar meu cabelo do jeito que ele realmente é, muitas foram às vezes que escutei piadas debochadas, humilhações e ofensas de pessoas que claramente alisam o cabelo... Eu sou negra, filha de negro e a maioria dos que me ofendem provavelmente tem descendência negra também e fico triste de saber que muitos se envergonham de suas características e ridicularizam os que têm NATURALIDADE suficiente para usar sem receio seus cabelos lindamente crespos.   

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Três linhas, dois anos e um texto.

(imagem: google images)

Passei uma hora olhando três linhas de uma mensagem de simples entendimento. Meus olhos colaram na tela e estacionaram lá, fixados em palavras cheias de significados, mas que não podiam fazer sentido para mim, não para o que não quero mais sentir... Só não conseguia entender o porquê daquilo ainda me abalar tanto. Por que ainda tenho que sentir essa sensação tão dúbia? A mensagem serviu como uma massagem no ego, mas veio acompanhada de um aperto no peito e culpa por sorrir ao ler... Alegria digna de repreensão. Felicidade momentânea que, no fim das contas e do dia, só causa arrependimento e raiva de ter, mesmo que por poucos instantes, criado falsas esperanças sem dar importância a tudo que passou.

Uma mensagem com um simples elogio e uma confissão comum de alguém que não sabe o que eu sinto. Vinda de qualquer outra pessoa eu leria e responderia agradecida, ficaria feliz pelo reconhecimento, mas vinda dele, não. Não posso mostrar para mim mesma o prazer da deliciosa sensação de ser lembrada por ele. As palavras dele, mesmo que despretensiosas, tem que me fazer pensar, repensar, lembrar, apertar, incomodar. São analisadas minuciosamente para tocar na ferida mais escondida e doer. As frases foram simples e claras, mas tirei leite de pedra, torci cada palavra juntamente com todo o sentimento que tenho guardado, para tirar todos os significados possíveis e impossíveis de algo que não deveria me prender tanto... Como forçar um coração machucado a não se iludir com palavras doces de quem lhe causou dor? Como desmerecer um elogio e uma confissão? Bem, eu consegui.

Elogio à plástica, à beleza mentirosa de alguém que, para o elogiador, só existe em imagens perfeitas e impalpáveis. Confissão de alguém para quem não existo somente no imaginário e na loucura, e sim nas lembranças de quem teve nas mãos e nada sentiu ou fez sentir, só estranheza, dores e dúvidas. Não sou e nunca serei o que as imagens mostram. Não sou uma foto que escolhi entre outras mil, simplesmente porque queria me mostrar mais bonita, não sou essas poses, silhuetas e jogos de luz. Sou aquela irreal aos seus moldes, sou imperfeita, sou aquela que não corresponde as suas expectativas e por tentar alcançá-las me torno algo que não sou.

Um sentimento de vazio me encheu naquela hora que se passou enquanto lia aquelas três pequenas frases. Frases essas que não teriam durado nem 5 segundos se tivessem sido escritas por qualquer outra pessoa, mas não foram. Era eu, a mensagem e minhas lembranças enchendo-me de esperanças irreais, mas o sentimento real ao ler e relembrar  de tudo era o de vazio. Ele cultua e elogia a única coisa que vê em mim.  O corpo está lá estampado nas imagens, lindo e perfeito aos olhos dele, escolhidas propositalmente por mim para esse fim: ser admirado. Mas ele insiste em não enxergar o todo. Mesmo com todas as chances que teve, nunca percebeu quem realmente sou.

(abril, 2011)