(imagem: google images)
Passei uma hora olhando três linhas de uma mensagem de simples entendimento.
Meus olhos colaram na tela e estacionaram lá, fixados em palavras cheias de
significados, mas que não podiam fazer sentido para mim, não para o que não
quero mais sentir... Só não conseguia entender o porquê daquilo ainda
me abalar tanto. Por que ainda tenho que sentir essa sensação tão dúbia? A
mensagem serviu como uma massagem no ego, mas veio acompanhada de um aperto no
peito e culpa por sorrir ao ler... Alegria digna de repreensão. Felicidade
momentânea que, no fim das contas e do dia, só causa arrependimento e raiva de
ter, mesmo que por poucos instantes, criado falsas esperanças sem dar
importância a tudo que passou.
Uma mensagem com um simples elogio e uma confissão comum de
alguém que não sabe o que eu sinto. Vinda de qualquer outra pessoa eu leria e
responderia agradecida, ficaria feliz pelo reconhecimento, mas vinda dele, não.
Não posso mostrar para mim mesma o prazer da deliciosa sensação de ser lembrada
por ele. As palavras dele, mesmo que despretensiosas, tem que me fazer pensar,
repensar, lembrar, apertar, incomodar. São analisadas minuciosamente para tocar
na ferida mais escondida e doer. As frases foram simples e claras, mas tirei
leite de pedra, torci cada palavra juntamente com todo o sentimento que tenho
guardado, para tirar todos os significados possíveis e impossíveis de algo que não
deveria me prender tanto... Como forçar um coração machucado a não se iludir com palavras doces de quem lhe causou dor? Como desmerecer um elogio e uma confissão? Bem, eu
consegui.
Elogio à plástica, à beleza mentirosa de alguém que, para
o elogiador, só existe em imagens perfeitas e impalpáveis. Confissão de alguém
para quem não existo somente no imaginário e na
loucura, e sim nas lembranças de quem teve nas mãos e nada sentiu ou fez
sentir, só estranheza, dores e dúvidas. Não sou e nunca serei o que as imagens
mostram. Não sou uma foto que escolhi entre outras mil, simplesmente porque
queria me mostrar mais bonita, não sou essas poses, silhuetas e jogos de luz. Sou aquela irreal aos seus
moldes, sou imperfeita, sou aquela que não corresponde as suas expectativas e por tentar alcançá-las me torno algo que não sou.
Um sentimento de vazio me encheu naquela hora que se passou enquanto lia aquelas três pequenas frases. Frases essas que não teriam durado
nem 5 segundos se tivessem sido escritas por qualquer outra pessoa, mas não
foram. Era eu, a mensagem e minhas lembranças enchendo-me de esperanças
irreais, mas o sentimento real ao ler e relembrar de tudo era o de vazio. Ele cultua e
elogia a única coisa que vê em mim. O
corpo está lá estampado nas imagens, lindo e perfeito aos olhos dele, escolhidas propositalmente por mim para esse fim: ser admirado. Mas ele insiste em não enxergar o todo. Mesmo com todas as chances que teve, nunca percebeu quem realmente sou.
(abril, 2011)