quarta-feira, 3 de abril de 2013

Três linhas, dois anos e um texto.

(imagem: google images)

Passei uma hora olhando três linhas de uma mensagem de simples entendimento. Meus olhos colaram na tela e estacionaram lá, fixados em palavras cheias de significados, mas que não podiam fazer sentido para mim, não para o que não quero mais sentir... Só não conseguia entender o porquê daquilo ainda me abalar tanto. Por que ainda tenho que sentir essa sensação tão dúbia? A mensagem serviu como uma massagem no ego, mas veio acompanhada de um aperto no peito e culpa por sorrir ao ler... Alegria digna de repreensão. Felicidade momentânea que, no fim das contas e do dia, só causa arrependimento e raiva de ter, mesmo que por poucos instantes, criado falsas esperanças sem dar importância a tudo que passou.

Uma mensagem com um simples elogio e uma confissão comum de alguém que não sabe o que eu sinto. Vinda de qualquer outra pessoa eu leria e responderia agradecida, ficaria feliz pelo reconhecimento, mas vinda dele, não. Não posso mostrar para mim mesma o prazer da deliciosa sensação de ser lembrada por ele. As palavras dele, mesmo que despretensiosas, tem que me fazer pensar, repensar, lembrar, apertar, incomodar. São analisadas minuciosamente para tocar na ferida mais escondida e doer. As frases foram simples e claras, mas tirei leite de pedra, torci cada palavra juntamente com todo o sentimento que tenho guardado, para tirar todos os significados possíveis e impossíveis de algo que não deveria me prender tanto... Como forçar um coração machucado a não se iludir com palavras doces de quem lhe causou dor? Como desmerecer um elogio e uma confissão? Bem, eu consegui.

Elogio à plástica, à beleza mentirosa de alguém que, para o elogiador, só existe em imagens perfeitas e impalpáveis. Confissão de alguém para quem não existo somente no imaginário e na loucura, e sim nas lembranças de quem teve nas mãos e nada sentiu ou fez sentir, só estranheza, dores e dúvidas. Não sou e nunca serei o que as imagens mostram. Não sou uma foto que escolhi entre outras mil, simplesmente porque queria me mostrar mais bonita, não sou essas poses, silhuetas e jogos de luz. Sou aquela irreal aos seus moldes, sou imperfeita, sou aquela que não corresponde as suas expectativas e por tentar alcançá-las me torno algo que não sou.

Um sentimento de vazio me encheu naquela hora que se passou enquanto lia aquelas três pequenas frases. Frases essas que não teriam durado nem 5 segundos se tivessem sido escritas por qualquer outra pessoa, mas não foram. Era eu, a mensagem e minhas lembranças enchendo-me de esperanças irreais, mas o sentimento real ao ler e relembrar  de tudo era o de vazio. Ele cultua e elogia a única coisa que vê em mim.  O corpo está lá estampado nas imagens, lindo e perfeito aos olhos dele, escolhidas propositalmente por mim para esse fim: ser admirado. Mas ele insiste em não enxergar o todo. Mesmo com todas as chances que teve, nunca percebeu quem realmente sou.

(abril, 2011)

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